Após
deixar o serviço público, empresário tem novos projetos junto com a família,
mas declara-se disposto a novos desafios: “estarei fazendo na política e na
administração pública ou privada o que for melhor para o desenvolvimento de
Balneário Camboriú”.
O empresário Eduardo Iba, 38 anos, afastou-se da
administração pública de Balneário Camboriú há menos de um mês e concentrou as
ações nos empreendimentos da família. Em breve será inaugurada uma pousada no
bairro da Barra e outros lançamentos na área de alimentação também estão
previstos. “Quando deixei a diretoria geral da Secretaria de Turismo foram
feitos convites para outras áreas, mas preferi focar em atividades que dediquei
a maior parte de minha vida: o turismo, o lazer e a gastronomia”, disse.
Com 10 anos de experiência na administração pública, Eduardo
destaca o início do seu trabalho na Secretaria de Turismo em 2009. “O ciclo vai passando, as coisas vão acontecendo,
tem muita mudança no meio político. Quero dizer aqui que acredito nas ideias de
um prefeito, de um político e nas ideias como gestor que tenho. Então,
acreditando nessas ideias não me encaminho para o erro se lá na frente A, B ou
C destoar da realidade e não executar as propostas. Mas enquanto a
transparência permanecer e eu poder estar colaborando, sendo produtivo dentro
de uma administração pública, estarei fazendo, na política e na administração
pública, quanto na administrativa privada”.
Confira a entrevista com o empresário formado em Gestão de
Lazer e Eventos pela Univali e que tem como objetivo desenvolver a segmentação
do turismo através de núcleos e câmaras setoriais.
NOTÍCIAJA – No
tempo em que permaneceu no serviço público, quais são as principais realizações
que destaca?
EDUARDO
IBA
– Podemos destacar muito fortemente o
Carnaval diferenciado para Balneário Camboriú, um carnaval família, projeto que
envolveu os blocos e fomentou escolas de samba para Balneário Camboriú que não
tínhamos em atuação. Isso realmente movimenta e deixa a cidade bem festiva. A
partir do movimento dos blocos se fomentou e criou a Liga Carnavalesca de
Balneário Camboriú, que é uma entidade autônoma que apoia o evento e, em
conjunto, criou-se um mecanismo que possibilitou a realização do nosso
Carnaval.
JA - Neste
ano, além do Carnaval sensacional, tivemos o aniversário da cidade comemorado
sem inaugurações de obras, mas com uma programação bastante extensa.
EDUARDO
–
Foram inovações no turismo local. Fizemos
também o modal do projeto de Páscoa que a cada ano vem avançando e vem
crescendo. No aniversário foram atrações diversas e muito bem colocadas em
todos os finais de semana, como o “Stammtisch” (Encontro dos Amigos) que já acontece
há muito tempo. Tivemos também a Festa do Bonsucesso, que era um típico evento
junino que era comemorado no aniversário da cidade, que foi repaginada e mudou
para a Praça do Pescador, no bairro da Barra, um evento que criou um novo modal
de acontecimento e buscou a raiz para ser um novo produto turístico e cultural
para Balneário Camboriú. Foram várias atrações, inclusive com shows nacionais.
Então foi bem farto este período de aniversário
da cidade onde foram gerados esses eventos que trazem muitos benefícios para a
sociedade. Quando acontece um evento, igual os da Praça do Pescador, antes, no pré-evento,
que é uma fase muito importante, a gente solicitou a poda das árvores, a
pintura dos meios-fios, a reforma do parquinho e outros serviços para
revitalizar o local. Então esse foi o grande diferencial da Secretaria do
Turismo no período em que estive ligado à pasta e que acabou gerando para a cidade
grandes transformações. O evento vem, deixa a cidade festiva, mas também tem um
retorno em benefício para o local em que acontece o evento, que é essa reorganização
nos período que a gente considera de pré e pós, porque depois também tem a
limpeza do local e o resultado final fica para a comunidade, porque as equipes
passam para conferir, por exemplo, a iluminação pública. É um envolvimento
muito grande para termos os atrativos turísticos e culturais para Balneário Camboriú.
JA –
Também foi por ocasião de sua atuação na Secretaria do Turismo o início e a
consolidação dos transatlânticos na cidade.
EDUARDO
–
Foi um momento ímpar receber o primeiro
transatlântico em Balneário Camboriú. Estivemos vivendo e prestigiando esse
momento que foi muito esperado para Balneário Camboriú, onde se cria um novo
núcleo financeiro, porque começa a movimentar outras cadeias produtivas que
acabam inovando. Foi um momento muito importante e com certeza a continuação
disso vai dar mais resultado ainda para a nossa indústria limpa, que é a
indústria do turismo.
JA – O
que o senhor acha que faltou a ser feito no tempo em que esteve envolvido com a
Secretaria de Turismo?
EDUARDO
–
Faz 10 anos que venho trabalhando na
administração pública. Tenho de formação uma especialização em gestão em lazer
e eventos que são focos primordiais que o turismo vive e todas as inovações
acabaram passando enquanto estivemos na Secretaria de Turismo. Eu gosto muito
de frisar porque foram impactos positivos que deixamos para Balneário Camboriú:
um novo Natal, um novo Carnaval, um novo modelo de Páscoa, um novo modelo de
Aniversário de Balneário Camboriú. E tudo isso é gerador de fluxo turístico.
Quando a gente traz para a cidade uma Família Lima, por exemplo, e que foi uma
apresentação magnífica para as famílias, fazemos com que pessoas da nossa macrorregião venham
visitar Balneário Camboriú e isso acaba influenciando o cotidiano da vida de
todos. Altera o dia a dia da cidade. Algumas pessoas podem até reclamar de um
som mais alto por causa de um show, mas no final o resultado é positivo. O
ambulante ganha, o posto de gasolina ganha, se o turista veio pra cá também
acaba se hospedando. São muitas cadeias produtivas que acabam se beneficiando. A
gastronomia acaba também sendo beneficiada com todos esses eventos. Nunca vou
cansar de dizer que para que isso melhore, para que seja alcançado o objetivo
final precisa de engajamento, envolvimento de toda a cadeia produtiva fazendo
uma boa reflexão de estar junto neste contexto. Não adiante eu ter uma ideia, o
vizinho ter outra e a gente não casar essas ideias e conversar. Assim acabamos
ganhando na peculiaridade. Quando a gente se junta na gastronomia e cria um
núcleo de trabalho vamos ter soluções que sairão em conjunto. Essa engrenagem
que vai fazer com que isso dê continuidade. Temos 52 finais de semana no ano.
Se tivermos 52 eventos serão de fluxo gerador de turismo para Balneário
Camboriú. Será um divisor a partir da ativação de eventos em todos os finais de
semana com eventos, porque as pessoas irão se deslocar de suas cidades e gerar
receita para Balneário Camboriú. Temos que ter um foco especialmente para a
baixa temporada. No período de alta
temporada onde se fala de Verão, sol, praia e mar, ele já é consolidado, já tem
uma lotação espetacular. Então precisamos investir neste período de baixa
temporada para que não dependamos somente do período de férias. Para que todas
as pessoas de Santa Catarina e de estados vizinhos venham visitar Balneário
Camboriú através desta integração. O que falta é darmos as mãos e todos
caminharmos juntos para que a gente consiga avançar neste modal em realização
de eventos em áreas públicas de Balneário Camboriú, ou privadas que também pode
se consolidar, a exemplo do Centro de Eventos que vai ser positivo e auxiliar
nesta questão. Mas mesmo neste sentido temos que estar de mãos dadas para a
concretização disso. De que forma? Discutindo através de grupos de trabalho e
com as câmaras setoriais de turismo. Vamos, por exemplo, discutir o turismo
náutico, já que não temos eventos de grande porte a não ser a vinda de
transatlânticos, mas podemos ter um evento envolvendo os veleiros, um Stammtisch
de embarcações na orla da praia. Então são muitas questões que podem ser
tratadas. Outro exemplo, um núcleo de hoteleiros para desenvolver projetos.
Essa novidade que a gente tenta e que é necessária para desenvolver Balneário
Camboriú, no meu pensamento, é de uma administração compartilhada com esses
grupos de trabalho. Temos o segmento de entretenimento reunindo as casas
noturnas, diversões, shows e espetáculos que temos em Balneário Camboriú. Temos
muitos, mas quando conseguirmos trazer todos para sentarmos à mesma mesa certamente
teremos ganhos positivos. Quero até deixar o exemplo pra vocês: no primeiro ano
da atual gestão [prefeito Fabrício Oliveira] até conseguimos criar um núcleo,
que foi o de entretenimento. Sentamos com todos os donos, convidamos todas as
casas de entretenimento, ativamos uma ação e, sem custo para a prefeitura, foi
realizado o show do DJ Alok na Barra Sul. Foi investimento de quase meio milhão
de reais feito pela iniciativa privada que só precisou do fomento de uma
reunião interna nossa, do acompanhamento e do apoio dado para que fosse
possível o espetáculo. Neste sentido eu sei que as pessoas que estão do lado de
fora querem estar dentro ajudando a administração, colaborando para que o
turismo seja ativo os 52 finais de semana do ano. Esse é o modal que acredito
de uma gestão compartilhada que tem que ser desenvolvido para a Secretaria de
Turismo. Todo mundo pensa como Balneário Camboriú é bela e maravilhosa. E
realmente é! Tem coisa para melhorar? Certamente tem. Só que tem gente que
pensa que tudo está pronto e não está. As pessoas querem colaborar e essa é a
diferença. Quando aquelas pessoas sentaram à mesa e definiram em fazer uma ação
em conjunto elas deixaram de ser meras expectadoras e se transformaram em
participantes e integrantes de algum acontecimento que virou um ato histórico,
um evento daquele porte na praia central de Balneário Camboriú, na Barra Sul.
Esse é o engajamento, mas só conseguimos fazer isso de mãos dadas.
JA – E o que levou o senhor a sair do cargo, apesar da experiência e do engajamento? Foi o fator político, foi a falta de engajamento dos demais segmentos do poder público?
EDUARDO
–
Eu acredito que o que me faz entrar no
serviço público é essa visão que sempre tive de baixar a cabeça e trabalhar. É
ser profissional. Isso me faz nestes momentos a ser chamado para participar em
cargos públicos. Mas o que também me faz sair é ser crítico demais e às vezes
as pessoas interpretam isso de uma forma diferente, porque ser crítico interno
é chegar em uma reunião e falar o que é preciso. Não significa, entretanto, que
vou chegar lá fora e falar alguma coisa contrária a situação. Acredito que a
gente sendo crítico é que se consegue a estrutura para desenvolver isso e assim
venho ganhando espaço em cada cargo que passei dentre do poder público, como organizador
de eventos, de diretor de desenvolvimento econômico, de diretor geral da
Secretaria de Turismo, vinha galgando espaço mediante esse trabalho com
realizações, de baixar a cabeça e trabalhar. Caso precisa de um computador para
trabalhar pega o meu, se precisar tirar de outro departamento onde está
sobrando tira e coloca lá para o profissional que precisa trabalhar. Somente
assim vamos conseguir fazer com que a Secretaria de Turismo produza o que ela
pode porque o potencial é maior. Tem profissionais excelentes lá dentro, mas às
vezes falta estrutura de um lado, falta apoio de outro, ou liberdade do
profissional exercer o que ele sabe e achar o caminho ideal pra que esse modal
de uma gestão compartilhada aconteça na Secretaria de Turismo. A secretaria tem
o esqueleto, está tudo lá, cabecinha, perninhas, braços, as mãozinhas, os
dedos, mas por baixo falta essa estruturação de conjunto, juntar todas as
associações, as entidades do trade turístico, de se conversarem melhor para que
essas coisas aconteçam para Balneário Camboriú e pra que seja positivo para
quem trabalha lá dentro, para o morador que aqui vive e para o turista.
JA – E agora
na iniciativa privada qual o caminho que você pretende seguir?
EDUARDO – Tenho uma ligação muito forte com o ramo da
gastronomia e da hotelaria. Minha família possui desde a década de 1980 uma
pousada em Balneário Camboriú. Estamos passando por uma modificação, estamos
mudando de endereço porque nossa propriedade sofreu uma desapropriação para o prolongamento
da Quarta Avenida. Estamos em fase final de implantação dessa pousada no bairro
da Barra. Como empreendedor nunca deixei de lidar com as questões
administrativas da nossa empresa, de gerar emprego e renda para Balneário
Camboriú, mas a gente também viu – e quando falo a gente falo a família -, hoje
somos em cinco administradores e temos mais algumas atividades, um irmão na atividade
noveleira, meu irmão mais velho com uma pequena construtora, então a gente foi
dividindo também e investindo em outras áreas em Balneário Camboriú, que se
solidificou através do turismo também, porque se não fosse o que aconteceu em
Balneário Camboriú com o turismo a construção civil não estaria hoje com o
potencial que está. Foi neste momento que pai, mãe e filhos, cinco pessoas,
entenderam em conjunto que podiam me liberar desta parte da administração da
empresa para estar dando um pouco de retorno do que Balneário Camboriú já nos
ofereceu. Nossa família começou com o pai vindo de fora, minha mãe daqui, começamos
todos juntos de mãos dadas construindo uma história na cidade, estando ligados
à gastronomia, tive a oportunidade de passar pela Rede Sagres de Hotéis, já tive
restaurante na praia de Laranjeiras, restaurante no centro da cidade, no
Shopping Atlântico, já tive hamburguerias e tenho ainda a minha atividade de
gastronomia, turismo e hotel e dentro disso a família sentiu que poderia estar
me liberando para que pudesse desenvolver algo que tenho como formação e
realização de botar esse modal para funcionar em Balneário Camboriú.
JA – E a
política? Como é que o senhor pensa nela daqui pra frente?
EDUARDO
– A política surgiu na minha vida
através do envolvimento profissional. No ano de 2009 fui convidado pelo Sr.
Cláudio Fernando Dalvesco [vice-prefeito à época] para a Secretaria de Turismo.
Lá fiquei dois anos desenvolvendo alguns desses projetos que destacamos nesta
conversa, entre outros que não tivemos oportunidade de falar, mas relembro aqui
que foi a divulgação do trade turístico, a divulgação da cidade, feito de forma
conjunta como o workshop trade “Venha Tomar o Café da Manhã em Balneário
Camboriú”, a gente levava essa oportunidade para alguns locais fora de
Balneário Camboriú onde chamávamos os operadores e fazíamos essa divulgação que
hoje se transformou no “Visite BC e Região” que está encampado pelo Convention &
Visitors Bureau muito bem administrado e encapado pela sua presidente Ana e
toda a estrutura que possui, mas surgiu também de uma inovação lá atrás neste
sentido. Mas, respondendo a sua pergunta direta, quando a gente estava de fora,
tinha uma visão de quando chegasse lá poderia fazer o que quisesse, mas não é
assim. Tive que aprender a lidar com o setor público que é diferenciado da
iniciativa privada. Mas justamente por saber que tem como fazer a diferença é
que me envolvi na questão política de Balneário Camboriú. Foi justamente por
ter tido essa oportunidade pelo convite do Sr. Cláudio Fernando Dalvesco de estar
na Secretaria de Turismo que vi que a gente poderia avançar. Comecei a conhecer
as duas realidades, o profissional que sou, a política, o que é a iniciativa privada
e como construir um futuro melhor para a cidade. Sem as boas práticas na
política a gente não consegue fazer. Por isso o envolvimento veio para o
Eduardo Iba na política, porque sem essas ferramentas você não consegue
executar. Era só um colaborador no início e estava em um degrau de elaboração
de eventos, depois fui convidado a ser diretor. E as práticas que plantei lá
embaixo como organizador de eventos consegui executar só agora quando cheguei a
diretor geral da Secretaria de Turismo. Então vejam a visão como é, o ciclo vai
passando, as coisas vão acontecendo, tem muita mudança no meio político, quero
dizer aqui que acredito nas ideias de um prefeito, de um político e nas ideias
como gestor que tenho. Então, acreditando nessas ideias, não me encaminho pra o
erro se lá na frente A, B ou C destoar da realidade e não executar as
propostas. Mas enquanto a transparência permanecer e eu poder estar colaborando,
sendo produtivo dentro de uma administração pública, estarei fazendo, na
política e na administração pública, quanto na administração privada.